quarta-feira, dezembro 07, 2005

Fraldas

A tecnologia das fraldas está a ser usada em alguns países com solos desérticos para melhorar a retenção de água e aumentar a produtividade agrícola, segundo vários estudos.
Um relatório da Convenção de Combate à Desertificação das Nações Unidas aponta igualmente um projecto de reflorestação e horticultura que usa esta tecnologia e está a ser desenvolvido nas ilhas do Sal e Fogo, em Cabo Verde, por uma organização não- governamental.
As fraldas modernas têm três camadas: uma camada exterior e porosa, um enchimento interno e um tecido interior não poroso que retém o líquido.
O revestimento que retém a urina do bebé é constituído por polímeros super-absorventes (PSA) que se assemelham a uma rede de pesca finamente tecida. Os polímeros "capturam" o líquido e podem absorver grandes quantidades de urina, retendo-a e impedindo que se escape, mesmo sob pressão do peso do bebé.
A urina do bebé pode chegar aos 7 mililitros por segundo e atingir um total de 70 mililitros, que são absorvidos, graças aos polímeros, em apenas 20 segundos, deixando a fralda seca.
Os cientistas descobriram que os mesmos PSA que mantém os bebés secos podem também reter a água nos solos mais áridos.
Alguns fabricantes começaram já a usar PSA para aumentar as colheitas e fazer crescer mais as plantas, usando um condicionador de solo (TerraCottem) que mistura os polímeros com fertilizantes minerais.
"Tal como os PSA das fraldas previnem as fugas dos líquidos, nos solos ajudam a reter a água", escreve Dharmapuri Vidyasagar, salientando que é possível aumentar as colheitas entre 25 e 100 por cento, reduzindo as necessidades de água para metade, dependendo do tipo de cultivo e terreno.
"Assim, o uso da tecnologia das fraldas tem implicações não só para resolver o problema global da escassez de água, mas também para aumentar a produtividade agrícola", argumenta o investigador.
No entanto, o custo da tecnologia (cerca de dois dólares por 500 gramas), ainda é demasiado caro para os agricultores dos países em desenvolvimento.
"Se o custo da tecnologia das fraldas fosse reduzido, poderíamos ir para qualquer parte do mundo e usar um mínimo de água, que às vezes cai do céu, em vez de investir em dispendiosos sistemas de irrigação", afirmou.

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